terça-feira, janeiro 18, 2011

Cd Femucic 2010

Antes de mais nada, vou colocar quem é de fora a par da situação: O Femucic é o Festival de Música da Cidade Canção, que acontece há 32 anos aqui em Maringá - PR (33 se contarmos o deste ano, que acabou de iniciar as inscrições). Recebemos gente do Brasil inteiro, as músicas costumam apresentar características regionais muito fortes deixando o palco do Teatro Calil Haddad cheio de diversidade cultural. Em, resumo, é um prato cheio para quem gosta de cultura popular! Bom, aqui em Maringá qualquer um consegue o cd e o dvd facinho, é só retirar no SESC. Já nas outras cidades eu não sei como funciona, por via das dúvidas, fiz upload do cd para vocês baixarem :)


Bom, agora darei minha opinião a respeito. Adorei a seleção, muito boa mesmo. Apesar de ter faltado muita coisa - o que julgo inevitável - como os meninos do Rio Grande do Sul que tocaram música gaúcha de um jeito bonito demais de se ver. O excesso de instrumental também é dispensável na minha opinião (e olha que gosto de música instrumental), mas acho que vale mais a pena destacar o que tem de bom no cd do que falar do que sobrou ou faltou.

  • A "abertura" do cd é Ana Paula da Silva, decisão mais sábia impossível, na minha opinião. A menina é um doce, cantou uma linda composição e, para completar, o instrumento que vocês ouvirão durante a música (além do piano, é claro) trata-se de nada menos do que um batuque que a intérprete fez com uma sacola. Pois é, sacolinha de mercado sabem? Foi o que ela usou no show para fazer som. Não teve quem não ficou de boca aberta.
  • As faixas 3 e 4 me encantaram e com elas vocês entenderam perfeitamente o que eu quis dizer com cultura popular. Muito gracinhas.
  • Nessa minha listinha especial também não podia faltar Roberto Bach, que já tem histórico no festival e marca o cd com a faixa 9, lindíssima.
  • A faixa 8 é preenchida por quem não podia faltar, João Leopoldo, cantor, compositor e pianista. Ele faz uma mistura de música, poesia e crítica que vira nossa cabeça do avesso. Trabalha as palavras de forma complexa e ao mesmo tempo divertida. Genial.
  • Sempre me encanto com vocal feminino. As especiais do cd são de Juliana Ribeiro e Keyla Castro com as faixas 14 e 18, respectivamente. Além das belíssimas vozes as duas músicas têm em comum letras que demonstram devoção e admiração a suas culturas regionais. A primeira cantora é bahiana e a segunda de Roraima.

Ok, a intenção era falar de poucas, minhas preferidas, mas acabei falando de quase todas as músicas. Aliás estou aqui me controlando para finalizar o post logo e não falar das outras. Hahaha. Bom, em resumo, tem muita coisa boa no cd e eu estou aguardando ansiosamente a edição deste ano. Aproveitem.

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Pequenos encontros atemporais e interespaciais

O setor em que trabalho dentro da Secretaria de Cultura é a Gerência de Patrimônio Histórico. Também Museu de História e Arte. Por conta disso nos aparecem relíquias pelo caminho que possibilitam as mais diversas interpretações e sentimentos, sendo apenas impossíveis de não serem notadas. Hoje eu e uma colega de trabalho mexemos em Títulos de Eleitor que foram tirados na década de 1960/1970. Lá estavam eles, velhos e rasgados, trazendo os mais diversos nomes, nacionalidades, filiações e rostos em fotos preto & branco 3x4 até nós.

O objetivo era meramente uma restauração nos documentos, mas o momento foi acompanhado de incontáveis comentários. Desde um mero julgamento sobre quem era bonito ou se vestia bem até milhares de suposições sobre suas vidas. Quem parecia inteligente, que tipo de música ouviam, suas personalidades – avaliadas por um mero segundo que a câmera registrou - os possíveis amigos, casais e rivais. Imediatamente estávamos envolvidas com aquelas pessoas que nunca chegamos a conhecer e de quem não tínhamos informação alguma que não as dadas por um documento antigo.

O episódio é só um exemplo. O fato é que passando por esse tipo de situação o mundo todo parece uma brincadeira de “Ligue os Pontos”, na qual todos nós estamos por um motivo ou outro conectados. Por mais que vivamos em espaços ou mesmo tempos diferentes, há algo de nós que passará por outro ser humano e, naquele momento, estaremos unidos. Não importa o quão anônimos parecemos, existe um outro anônimo que irá nos encontrar.

Acredito que esses encontros silenciosos acontecem o tempo inteiro, nesses rastros que deixamos pelo nosso caminho. Documentos, fotos ou objetos que perdemos pelo caminho nos ligam imediatamente a outra pessoa que pegá-los nas mãos. Quando um mexicano e um chinês, por ventura, tropeçarem voltando para casa, exatamente no mesmo momento, mas em fusos horários diferentes, estão unidos em silêncio e anonimamente.

Parece haver uma energia ativa no universo agindo de forma independente de nós, cruzando nossas vidas o tempo todo, possibilitando contato com todos os bilhões de habitantes do mundo, das formas mais bruscas – como o esbarrão que você deu ontem na rua – ou sutis – como o terço que encontrou jogado na calçada – imagináveis. Sendo assim todos os anônimos da humanidade cruzam nosso caminho tanto quanto – ou mais – que os grandes nomes que aprendemos na escola, independente da época em que nasceram ou do lugar do mundo em que se encontram.

No fim das contas estamos todos de braços dados.