A arte por si só é bela. É bela e louvável. Entretanto, só existe para nós o que chega até nós, o que nos é apresentado. Portanto, para que a arte exista é preciso que ela seja exposta. E é com o objetivo de dar existência a arte que surge o espetáculo.
Este ali para mostrar a arte, porém não é feito apenas dela. O espetáculo é feito de estrutura física, de local, data e horário, de figurino e maquiagem, entre muitos outros fatores. Um em específico é primordial para o espetáculo e, sinceramente, tem deixado muito a desejar: o público.
O público nunca é espectador de um espetáculo. É parte dele, por conseqüência interferindo também na arte. E não há nada pior do que uma arte suja por conta daqueles que, teoricamente, foram até lá só para vê-la existir.
Nos últimos espetáculos que assisti – e por espetáculos entendam apresentações de dança, teatro e mesmo o cinema - tenho visto ofensas explícitas a arte, seus admiradores e a sua produção em geral. Verdadeiras grosserias.
Tais como conversas em voz alta, palmas em momentos inapropriados – e a ausência delas nos apropriados –, toques de celulares, mães que torturam os bebês mantendo-os dentro de uma sala, enquanto esses choram desesperados para dar o fora e até mesmo – pasme minha gente – o uso de máquinas fotográficas com flash!
Acredito que isso acontece em grade parte justamente pela segmentação do espetáculo. Não se vê como um todo a arte, a produção e o público. Este então se vê no direito de manter determinadas ações individuais sem observar o quanto ela pode influir em todos os que estão em volta, por conseqüência no espetáculo, por conseqüência na arte. É um efeito dominó.
Cabe aqui então citar a frase síntese da Teoria do Caos: "Algo tão pequeno como o vôo de uma borboleta, pode causar um tufão do outro lado do mundo".
Ouso dizer que, escondida sob a minha raiva, sob a aflição dos artistas e o incomodo dos produtores do espetáculo existe alguém que está mais desesperada do que qualquer um: a arte. Pois veja bem, se ela por si só não existe, imagine que enorme satisfação sente ao ver todo o trabalho feito para que ela seja apresentada e enfim passe a existir. E que enorme decepção sente ao ver que a parte que diz admira-la a ofende de forma tão grotesca.
A arte está desesperada para ser vista, ouvida, sentida. Mas para que tal aconteça é preciso que o espetáculo em todas as suas partes esteja em sintonia. Respeito e educação nunca são demais. Portanto, eu peço encarecidamente que, não por mim, nem pelo artista, mas pela arte em si: Por favor, desligue seu celular, procure fazer silêncio durante a sessão e não é permitido o uso de máquinas fotográficas com flash.